Recuperada de mais um episódio da síndrome do não pertencimento, graças à Deus e ao ombro e ouvidos amigos, cá estou para falar mais racionalmente desse sentimento horrível que a cada pouco me visita...
Inquieta com isso e encasquetada com o fato desse sentimento parecer ser ciclico em minha vida, comecei a fuçar na internet para ver se alguém partilhava dessas sensações comigo.... achei um site de psicólogos, que descreveu incrivelmente o que eu estava sentindo.....fiquei mais descansada e o melhor, pude compreender algumas coisas.....
Posto aqui o texto dos psicólogos Eugênia Pickina, Flávio Vervloet, Isabel Muller, Jossânia Veloso e Vilma Domeneghetti....
Sentimento de Estrangeiro
Este sentimento é comum em um número considerável de indivíduos. Sentimento de não pertencimento, de inadequação, uma sensação de estranheza, como se esse indivíduo não coubesse neste lugar onde agora se encontra.
Acontece que existe um número grande de pessoas que tem a mesma sensação e não está, como no caso acima, distante de sua terra de origem ou de onde sente identificação. Pelo menos, não no sentido objetivo da palavra. Estas pessoas têm a mesma sensação, relacionada ao local onde nasceram, ou em relação à sua família, ou a determinados ambientes, sem que nada explique isto de maneira objetiva. Muitas vezes, elas moram no mesmo lugar desde que nasceram.
Poderíamos explicar isto de muitas formas, psicologicamente, elaborar algumas análises e interpretações, porém gostaríamos de dar aqui outro enfoque.
Há uma explicação mais metafísica que fala do processo de múltiplas vidas em que o indivíduo tem saudades de outras terras onde sua alma habitou anteriormente. E há também outra que fala da origem não-terrena de algumas almas.
No Evangelho de Jesus há uma referência clara sobre esta possibilidade: “Há muitas moradas na casa de meu Pai”. E alguns cientistas são enfáticos em afirmar o fato de que é bastante provável que haja vida fora do nosso planeta.
Sintomas e características comuns das pessoas com esse sentimento

Dentro da própria família não se sentem aceitos, sentem-se verdadeiros estranhos. Desde cedo em suas vidas, se vêem diferentes e isolados dos outros, solitários e incompreendidos. Têm muita dificuldade de relacionamentos.
Têm resistência a aceitar decisões ou valores baseados somente no poder e hierarquia e com isso sofrem com conflitos de autoridade. Possuem dificuldade de se defender, pois, não sabem lidar com a agressividade. São ingênuos, sonhadores, profundamente idealistas, vivem no “mundo da lua” com muita dificuldade de estar na terra. Possuem normalmente os pés e as mãos frias, arrepios e tremeliques repentinos, costumam ser pálidos e terem o olhar distante e vago. Assustam-se com facilidade, porque normalmente estão “viajando”, têm dificuldade de concentração e são muitos desligados. Normalmente criam um mundo à parte. Profundo sentimento de indignação com relação às injustiças sociais e humanas e senso de honestidade muito acima da média das pessoas.
Têm também uma facilidade enorme para captarem os sentimentos de outras pessoas e são verdadeiras “esponjas psíquicas”, por isso necessitam ficar um tempo a sós para identificarem o que é realmente deles e o que é do outro. Normalmente sente fortes intuições e não gostam de grandes aglomerações e multidões.
Como não conseguem se adaptar à ordem estabelecida, concluem que deve haver algo de terrivelmente errado com eles. Buscam sempre a validação externa, através dos pais, professores, amigos e da própria sociedade.
Têm afinidades com ciência e tecnologia, astronomia, astrofísica e coisas espaciais, filmes de ficção científica, efeitos e fenômenos paranormais, etc. São pessoas usualmente inteligentes, com uma boa capacidade criativa, parecendo às vezes alheias, outras até muito ligadas. Se sentem diferentes porque percebem, pensam e sentem as coisas de uma forma muito própria. São extremamente curiosos e perguntam muito. São muito ligados à natureza. Têm necessidade de liberdade e não toleram muito as filiações.
Tendem à melancolia, solidão e muitas vezes sentem vontade de morrer. É comum não se adaptarem facilmente a grupos de interesse, pois mesmo nos grupos de seu interesse tendem a divergir e pensar diferente da maioria, seja em assuntos religiosos, filosóficos ou metafísicos.
Mecanismos de sobrevivência
Os mecanismos de sobrevivência são estratégias desenvolvidas inconscientemente e têm como objetivo uma maior adaptação e sobrevivência ao meio. Dividiremos aqui de uma forma didática, mas estes mecanismos costumam se somar, de forma que cada indivíduo pode se utilizar de vários ao mesmo tempo. É bem possível que ainda existam outros não mencionados.
Auto-suficiência – Tendem a buscar encontrar seus próprios caminhos na vida. Porém, em função de sua autonomia e das frustrações que vai vivenciando, desenvolvem com frequencia um sentimento de individualismo e auto-suficiência. Confiam mais em si mesmos e não contam muito com as pessoas.

Melancolia – Alguns são afetados de forma drástica pela melancolia, dando asas à sua nostalgia e apegando-se à dor da separação. Tornam-se muito insatisfeitos com a vida e com tudo em volta, entrando, às vezes, em depressão ou em outros transtornos psicológicos.
Adaptáveis – Alguns procuram esquecer sua diferença e fazem tudo o que podem para parecerem iguais a todos os outros. Tentam esconder o que se passa em seu íntimo, mas continuam se sentindo diferentes e incompreendidos.
Desvinculados – Outros mergulham em estudos e pesquisas para não pensarem em suas próprias vidas, se vinculam com o objeto de sua atenção para atender sua curiosidade. No entanto, esses objetos dizem respeito ao intelecto, animais e plantas e não com o ser humano. A intenção do indivíduo aqui é não estabelecer muitos vínculos com as pessoas.
Comunicativos – Alguns desses indivíduos têm uma grande capacidade de comunicação e doação; no entanto, não deixam que cheguem muito perto com receio de, mais uma vez, se sentirem feridos. Por isso, tornam-se solitários mesmo em meio a multidão: podem até se comunicarem, porém sem conseguirem “pertencer”.
Alienados – Outra forma comum de sobrevivência é a alienação. É natural que esses indivíduos fiquem fora do ar, desconectados (as) da realidade prática da vida, tendo que fazer muito esforço para lidar com seus compromissos práticos. Tendem a ser alheios ao que acontece próximo de si e no seu meio. São distraídos e perdem facilmente as coisas, só se ligam naquilo que está no campo de seus interesses.
Sonhadores – Existem também aqueles que ficam meio alados, descorporificados, desencarnados. Esses desenvolvem um corpo frágil, não toleram exercícios, não têm muita vitalidade e também são muito introspectivos e sonhadores.
Distraídos – São aqueles que estão sempre distraídos, sem foco, fazem muitas coisas ao mesmo tempo, ávidos de informações, estão sempre iniciando algo novo, um novo projeto que não terminam ou perdem muito energia para dar conta de todos. Têm dificuldade de concentração, de atenção e, às vezes, de memória. São desorganizados e indisciplinados.
Os mecanismos de sobrevivência desempenharam importante função durante a vida destes indivíduos. Ajudando-os seguramente a lidarem com o dia-a-dia, mas como são inconscientes, não são funcionais como gostariam que fossem. Desta forma, em algum momento, se tornaram disfuncionais causando mais dor e desconforto do que vantagens ou benefícios. Uma vez identificado os mecanismos usados com mais freqüência, é necessário refletir e encontrar outras estratégias substitutas, mais eficientes. Este processo às vezes é muito complicado, necessitando em muitos casos de ajuda psicológica para que se efetive esta mudança e transformação. É difícil desapegarem-se daquilo que de certa forma os manteve “vivos” até agora. Mas na seqüência desta série de textos, faremos algumas reflexões para facilitar este processo de mudança.