domingo, 22 de março de 2009

O amor é transformador...

Vou confessar uma coisa para vocês ...nunca tive grandes habilidades para cuidar de plantas (equeço de dar água, de conversar, de tirar do sol ou colocar, entre outras necessidades)...com animais idem...tenho medo da dependência do bichinho e o fato de ter que cuidar dele para o resto da vida, me faz temer falhar nessa empreitada....há pouco mais de um ano, também incluiria nesta lista, cuidar de gente....embora tenha convivido de perto com meus sobrinhos, suava frio quando os pimpolhos começavam a chorar e o motivo para tal não era identificado...tinha vontade de chorar junto...isso sem contar o medo de machucar e o pavor de fazer ou trocar curativos nos babies....

Porém, contudo, entretando, todavia.... entre o final de dezembro de 2007 e o início de 2008 deparei-me com uma situação até então impensada para mim...cuidar da minha avó que estava doente e a cada dia ficava mais debilitada.... alí naquele contexto percebi que quando se ama, não há obstáculos, não há medo...o que há é apenas entrega e o desejo de ajudar...

Naqueles dias, massagear a perna dolorida e inchada, colocá-la para fazer xixi, tirá-la da cama e colocá-la na cadeira de rodas, dar-lhe banho, controlar o horário dos remédios e furar-lhe a ponta dos dedos para medir a taxa de glicose...era tarefa feita com prazer...... é bem verdade que tudo era feito com o coração na mão, doído porque a cada dia via minha avó se entregar e ter a nítida sensação que logo ela partiria...

Eu tentava animá-la....tentava arrancar um sorriso com uma lembrança feliz de quando éramos crianças e o vô Massotão arrumava uma mesa de almoço exclusivamente para nós....alí à volta ele controlava quem comia tudo e ia distribuindo o refrigerante....

Tentava tirar dela toda a vergonha que estava sentindo por estar alí tão dependente, tão exposta e sem controle sobre seu corpo... fazia piadas, mas ela sempre repetia....- ê Silvinha, olha a situação da tua vó heim!!!...eu dizia que era temporário, que logo ela estaria bem e saracoteando pela cozinha e pelo quintal....mas, ela já não acreditava mais nisso....queria apenas ficar quietinha...esperando a hora dela chegar...parecia cansada de tudo aquilo....

Antes de vir embora, disse à ela que voltaria em julho para passar as férias ao seu lado... a despedida foi de cobrança para que comesse bem, pois assim se recuperaria mais rápido...ficaria forte... dela, recebí um muito obrigada por tudo e a promessa de que quando eu voltasse, me daria um presente em agradecimento.... - meu presente é sua recuperação...foi minha resposta...

Um beijo no rosto...um abraço apertado e um "Eu amo a senhora", foram minhas últimas palavras em companhia da mana Sandra, da May e da Ví... com olhos marejados ela nos olhou e com a força que já não tinha mais, no disse: "Eu também amo MUITO vocês!".

Essa conversa aconteceu no dia 1º de janeiro de 2008.... dez dias depois dona Olíria foi morar com Deus e encontrar o seu grande amor... o vô Massotão....

Por que retomei esta história?? bem.... é que esse cacto que vocês estão vendo alí em cima...ganhei da tia Dione depois do enterro da vó...era apenas uma mudinha, que fiz questão de trazer lá de Marilena... há dias eu havia comprado um vaso mais bonitinho para colocá-lo, mas não tinha tido tempo...ontem à noite, enfim o transportei para a nova casa....agora, 14 meses depois, e bem acomodado ele irá enfeitar minha sala de trabalho, o lugar em que passo a maior parte do dia...e por sorte, embora seus espinhos representem a dor a da partida dela, ainda ssim quem sabe essa planta consiga me tazer as boas lembranças da minha querida avó....

8 comentários:

  1. Baaaaa.....tu acabaste comigo agora.......... saudades imensas dela ......bjs

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  2. Que post mais lindo muié!!!!
    Estava inspirada hein...
    torço para que meus cactos tb me inspirem...rsrsrsrsrs!

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  3. Laryssa querida.....as lembranças são um acalento pela falta dela....e narrá-las tbem mata um pouco a saudade....fico sempre feliz com sua visita e com seus e-mails falando de Deus...

    E Rosana... teus cactos são lindos e certamente em algum momento tu os usará para fazer uma analogia com a vida...

    Boa viagem garota..

    beijo para as duas....

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  4. vc ja comentou muitas vezes aqui no blog sobre os teus avós que ja partiram. toda vez que isso acontece penso no meu avô que perdi a mais ou menos 14, 15 anos. mas ao contrário de vc não gosto de verbalizar isso para os outros, procuro o menos possível falar nele. mas aqui dentro do meu coração lógico que ele vai ser para sempre eterno. li muitas vezes que falar e chorar muito por um ente que ja não esta mais nesse plano faz com que ele (espiríto) demore para conseguir se desprender desse plano (mais ou menos isso). pode ser uma bobagem mas na religião que eu frequento também me falaram isso, falaram que mesmo depois desses anos todos ele ainda esta muito "presente", principalmente comigo. pelo sim, pelo não eu continuo não falando muito nele. e foi em uma casa de religião onde estávamos eu e minha mãe que o espiríto de meu avô falou com nós duas, sei que era ele, meu coração sabe. ele falou o nome de nós duas. esse foi o dia mais emocionante da minha vida até hoje.

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  5. Cada um lida com as emoções de uma maneira né Jana...eu não consigo guardar nada para mim...até tento...mas quando vejo já falei, já magoei, já surpreendi positivamente...enfim... família para mim é a coisa mais especial que existe...é o que mais mexe com minhas emoções..e quando a emoção fala, a razão some..hehe

    Ótima semana pra vc garota...
    Beijo grande..

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  6. Lindo! Ja comecei o dia me emocionando.....Que essas lembranças possam te trazer força e alegria para continuar......Otima semana!!!

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  7. eêê tia vc e seus textos arrancadores de lágrimas e rel]flexões sobre nossos conceitos e a vida, amo você, fica com Deus, beijão.

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  8. Gabrile querido....tu visita aqui me deixa muito feliz...aí longe de casa..tu sabes bem o que o coração sente....saudades de vc querido...muitas..

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