Sobretudo, quero chorar por causa dos sonhos que guardei na geladeira.
Quero chorar porque o desejo, aquele sem o qual não dá pra se viver, aquele que também é chamado de pulsão, fica querendo escapar de dentro de mim.
Quero chorar porque o medo gela os meus pés e, por mais que eu calce meias, sapatos, botas ou queira cortar os pés fora, às vezes, eles permanecem gelados.
Talvez o jeito seja seguir com pés gelados mesmo, entender que é assim a vida: a gente treme de medo,mas vai.
Fico aqui pensando que seria bom se eu pudesse me enfiar numa caixinha de música e brincar de bailarina, mas até mesmo as bailarinas de caixinha se cansam, a bateria para de funcionar um dia, não é?