domingo, 30 de maio de 2010

Sentimento de Estrangeiro...

Recuperada de mais um episódio da síndrome do não pertencimento, graças à Deus e ao ombro e ouvidos amigos, cá estou para falar mais racionalmente desse sentimento horrível que a cada pouco me visita...

Inquieta com isso e encasquetada com o fato desse sentimento parecer ser ciclico em minha vida, comecei a fuçar na internet para ver se alguém partilhava dessas sensações comigo.... achei um site de psicólogos, que descreveu incrivelmente o que eu estava sentindo.....fiquei mais descansada e o melhor, pude compreender algumas coisas.....

Posto aqui o texto dos psicólogos Eugênia Pickina, Flávio Vervloet, Isabel Muller, Jossânia Veloso e Vilma Domeneghetti....


Sentimento de Estrangeiro

Este sentimento é comum em um número considerável de indivíduos. Sentimento de não pertencimento, de inadequação, uma sensação de estranheza, como se esse indivíduo não coubesse neste lugar onde agora se encontra.

Esta sensação pode ser resultante de um fato real, isto é, de estar de fato longe de sua terra natal ou da terra onde se sentia em casa. Essa sensação acomete muitas pessoas que mudam de local, transferindo-se de suas cidades de origem para tentar a vida, sobretudo profissional, em outras cidades.

Acontece que existe um número grande de pessoas que tem a mesma sensação e não está, como no caso acima, distante de sua terra de origem ou de onde sente identificação. Pelo menos, não no sentido objetivo da palavra. Estas pessoas têm a mesma sensação, relacionada ao local onde nasceram, ou em relação à sua família, ou a determinados ambientes, sem que nada explique isto de maneira objetiva. Muitas vezes, elas moram no mesmo lugar desde que nasceram.

Poderíamos explicar isto de muitas formas, psicologicamente, elaborar algumas análises e interpretações, porém gostaríamos de dar aqui outro enfoque.

Há uma explicação mais metafísica que fala do processo de múltiplas vidas em que o indivíduo tem saudades de outras terras onde sua alma habitou anteriormente. E há também outra que fala da origem não-terrena de algumas almas.

No Evangelho de Jesus há uma referência clara sobre esta possibilidade: “Há muitas moradas na casa de meu Pai”. E alguns cientistas são enfáticos em afirmar o fato de que é bastante provável que haja vida fora do nosso planeta.

Sintomas e características comuns das pessoas com esse sentimento

Desde a infância, no indivíduo onde esse sentimento começa a se manifestar, existe uma sensação muito forte de inadequação. O indivíduo que tem este tipo de sentimento tem alta sensibilidade, costuma-se sentir um “estranho no ninho”, tem saudades de lugares desconhecidos e de pessoas que nunca viu. Traz idéias de algo que não consegue recordar. Alguns acreditam que alguém venha lhes buscar, passam horas nessa espera e, como isso não acontece, criam um sentimento profundo de frustração e de abandono. Sentem-se “mais velhos” e que nada é novo, gerando inquietude e impaciência no convívio familiar e escolar.

Dentro da própria família não se sentem aceitos, sentem-se verdadeiros estranhos. Desde cedo em suas vidas, se vêem diferentes e isolados dos outros, solitários e incompreendidos. Têm muita dificuldade de relacionamentos.

Têm resistência a aceitar decisões ou valores baseados somente no poder e hierarquia e com isso sofrem com conflitos de autoridade. Possuem dificuldade de se defender, pois, não sabem lidar com a agressividade. São ingênuos, sonhadores, profundamente idealistas, vivem no “mundo da lua” com muita dificuldade de estar na terra. Possuem normalmente os pés e as mãos frias, arrepios e tremeliques repentinos, costumam ser pálidos e terem o olhar distante e vago. Assustam-se com facilidade, porque normalmente estão “viajando”, têm dificuldade de concentração e são muitos desligados. Normalmente criam um mundo à parte. Profundo sentimento de indignação com relação às injustiças sociais e humanas e senso de honestidade muito acima da média das pessoas.
Têm também uma facilidade enorme para captarem os sentimentos de outras pessoas e são verdadeiras “esponjas psíquicas”, por isso necessitam ficar um tempo a sós para identificarem o que é realmente deles e o que é do outro. Normalmente sente fortes intuições e não gostam de grandes aglomerações e multidões.

Como não conseguem se adaptar à ordem estabelecida, concluem que deve haver algo de terrivelmente errado com eles. Buscam sempre a validação externa, através dos pais, professores, amigos e da própria sociedade.

Têm afinidades com ciência e tecnologia, astronomia, astrofísica e coisas espaciais, filmes de ficção científica, efeitos e fenômenos paranormais, etc. São pessoas usualmente inteligentes, com uma boa capacidade criativa, parecendo às vezes alheias, outras até muito ligadas. Se sentem diferentes porque percebem, pensam e sentem as coisas de uma forma muito própria. São extremamente curiosos e perguntam muito. São muito ligados à natureza. Têm necessidade de liberdade e não toleram muito as filiações.

Tendem à melancolia, solidão e muitas vezes sentem vontade de morrer. É comum não se adaptarem facilmente a grupos de interesse, pois mesmo nos grupos de seu interesse tendem a divergir e pensar diferente da maioria, seja em assuntos religiosos, filosóficos ou metafísicos.

Mecanismos de sobrevivência

Os mecanismos de sobrevivência são estratégias desenvolvidas inconscientemente e têm como objetivo uma maior adaptação e sobrevivência ao meio. Dividiremos aqui de uma forma didática, mas estes mecanismos costumam se somar, de forma que cada indivíduo pode se utilizar de vários ao mesmo tempo. É bem possível que ainda existam outros não mencionados.

Auto-suficiência – Tendem a buscar encontrar seus próprios caminhos na vida. Porém, em função de sua autonomia e das frustrações que vai vivenciando, desenvolvem com frequencia um sentimento de individualismo e auto-suficiência. Confiam mais em si mesmos e não contam muito com as pessoas.

Arrogância – Às vezes, para lidar com o sentimento de menos-valia, gerada pela sensação de inadequação, tornam-se arrogantes. E apesar do desejo de pertencer, reforçam a própria diferença. Muitas vezes, sobrevivem procurando se sentir especiais, no sentido de acima e melhores. Orgulham-se de sua inteligência, sensibilidade, intensidade, profundidade, criatividade etc,. E, com isto, apesar de admirados, tornam-se cada vez mais solitários.

Melancolia – Alguns são afetados de forma drástica pela melancolia, dando asas à sua nostalgia e apegando-se à dor da separação. Tornam-se muito insatisfeitos com a vida e com tudo em volta, entrando, às vezes, em depressão ou em outros transtornos psicológicos.

Adaptáveis – Alguns procuram esquecer sua diferença e fazem tudo o que podem para parecerem iguais a todos os outros. Tentam esconder o que se passa em seu íntimo, mas continuam se sentindo diferentes e incompreendidos.

Desvinculados – Outros mergulham em estudos e pesquisas para não pensarem em suas próprias vidas, se vinculam com o objeto de sua atenção para atender sua curiosidade. No entanto, esses objetos dizem respeito ao intelecto, animais e plantas e não com o ser humano. A intenção do indivíduo aqui é não estabelecer muitos vínculos com as pessoas.

Comunicativos – Alguns desses indivíduos têm uma grande capacidade de comunicação e doação; no entanto, não deixam que cheguem muito perto com receio de, mais uma vez, se sentirem feridos. Por isso, tornam-se solitários mesmo em meio a multidão: podem até se comunicarem, porém sem conseguirem “pertencer”.

Alienados – Outra forma comum de sobrevivência é a alienação. É natural que esses indivíduos fiquem fora do ar, desconectados (as) da realidade prática da vida, tendo que fazer muito esforço para lidar com seus compromissos práticos. Tendem a ser alheios ao que acontece próximo de si e no seu meio. São distraídos e perdem facilmente as coisas, só se ligam naquilo que está no campo de seus interesses.

Sonhadores – Existem também aqueles que ficam meio alados, descorporificados, desencarnados. Esses desenvolvem um corpo frágil, não toleram exercícios, não têm muita vitalidade e também são muito introspectivos e sonhadores.

Distraídos – São aqueles que estão sempre distraídos, sem foco, fazem muitas coisas ao mesmo tempo, ávidos de informações, estão sempre iniciando algo novo, um novo projeto que não terminam ou perdem muito energia para dar conta de todos. Têm dificuldade de concentração, de atenção e, às vezes, de memória. São desorganizados e indisciplinados.

Os mecanismos de sobrevivência desempenharam importante função durante a vida destes indivíduos. Ajudando-os seguramente a lidarem com o dia-a-dia, mas como são inconscientes, não são funcionais como gostariam que fossem. Desta forma, em algum momento, se tornaram disfuncionais causando mais dor e desconforto do que vantagens ou benefícios. Uma vez identificado os mecanismos usados com mais freqüência, é necessário refletir e encontrar outras estratégias substitutas, mais eficientes. Este processo às vezes é muito complicado, necessitando em muitos casos de ajuda psicológica para que se efetive esta mudança e transformação. É difícil desapegarem-se daquilo que de certa forma os manteve “vivos” até agora. Mas na seqüência desta série de textos, faremos algumas reflexões para facilitar este processo de mudança.

15 comentários:

  1. Que bom que já passou!!!!
    Rk.

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  2. se nao passar vem pra Marilena matar a saudade..... andressa

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  3. Eita!!! Parece que me identifiquei com vários tópicos... hehe

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  4. e aí... quando se confirma a certeza de ser "este" estrngeiro;;; como seguir, integrar...

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  5. Olá. Achei muitissimo interessante a quantidade e a pobreza dos comentários referentes a um assunto de extremo significado prá mim e pelo visto também para a autora.Para o "estrangeiro" a internet é um prato cheio,pois alia solidão à uma busca de não sei o que .De inicio o individuo nem tem idéia que se enquadra nele,e acaba descobrindo por ser fuçador universal.Por ser curioso ou levado por intuição sutíl,comprei o livro Sindrome do Estrangeiro de autoria de Malu Balona,nesse livro o assunto é descrito e inicia-se uma certa identificação com o problema.Mais adiante temos o enderêço- http://www.consciencial.org/estrangeiro.html ,mais esse
    http://transformarse.wordpress.com/2009/09/07/sentimento-de-estrangeiro-parteiii/#comments ------------- que é citado nesse post,mais esse que comento agora.
    No www.consciencial o Dalton resume de forma inequivoca as condições mais comuns do afetado,e afirma que se a pessoa não se enquadrar na maioria esmagadora dos comportamentos/sintomas pode estar se enquadrando por outras causas .
    Quem é estrangeiro sabe que é,tipo a pessoa desse post.Ela descreve como os outros as informações básicas,mas não é só isso,é preciso uma análise consciecial e comportamental de uma vida toda,que inclui sutilezas e fatos muitas vezes insignificantes que passam desapercebidos e que são lembrados quando se trata desse assunto.Na verdade não é nada legal essa condição,ela pode até ferrar com tua vida,te destruir.O lado bom é que você sabe que isso é passageiro e um dia vai voltar prá casa mesmo.

    Abraço

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  6. Muito bom o artigo. Me identifiquei porque é exatamente assim que me sinto. Por muito e muito tempo busquei respostas sozinha, porque eu tenho esse medo de me abrir com alguém e essa pessoa simplesmente me taxar de louca ou não dar a mínima importância. No começo achei que era rejeição dos outros, que ninguém me queria por perto e que eu era o problema. Bem, em partes eu sou mesmo o problema, mas fico feliz em saber que isso não ocorre apenas comigo.
    E por achar que era rejeitada, me tornei uma pessoa muito solitária. Vivo chorando e me lamentando pelos cantos. Depressiva, com pensamentos obscuros, distraída, no mundo da lua e sempre buscando refúgio onde sei que ninguém pode me incomodar: em livros, filmes, artes em geral. Tudo o que você descreveu acima, bate com o que está acontecendo comigo.
    Eu prefiro passar o dia todo sozinha do que conversar com alguém. Não consigo confiar nos outros, prefiro a melancolia à pessoas. Prefiro acreditar que enquanto eu estou "sã" e sei o que realmente está acontecendo comigo, acho que ainda tem "conserto". Tenho essa estranha sensação de que não me encaixo no mundo. De que não sei porque estou na família em que nasci, parece que ela não me pertence. Que apenas vim parar em um endereço errado. E sempre pensei nisso: de que essa sensação viesse de vidas passadas (a qual eu acredito cegamente). Foram outras vidas minhas que eu tenho um "acesso" nessa. Só não consigo compreender essa mensagem corretamente. Sinto saudades de pessoas e lugares que nessa vida são desconhecidas. Mas sinto com certeza de que já me pertenceram algum dia. E ainda tem isso de paranormalidade. Sempre tenho intuições que na maioria das vezes se concretizam. Não possuo clarividência e essas coisas, mas definitivamente tenho algo desse gênero.
    Sinto como se isso que eu passo nunca fosse acabar e portanto prefiro me refugiar e me isolar das pessoas.

    Simone.

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    1. Olá Simone. Sei bem o que está sentindo, mas comigo esse sentimento não é perene...ele aparece pelo menos uma vez por ano e dura em torno de uma semana. depois vai minimizando e some. No entanto, nesse período fico extremamente triste, introspectiva e deslocada. Da última vez marque uma sessão com uma psicóloga e foi ótimo. Te recomendo, porque só o fato de verbalizar, de por pra fora minimiza muito. Eu tinha bastante resistência em procurar ajuda porque achava que podia resolver isso sozinha. Via a ajuda psicológica como frescura, mas para mim foi muito, mas muito mesmo importante. Tente. Desejo que vc supere esse sentimento porque sei bem a angustia que ele causa. Forte abraço.

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  7. Me identifico com todos os sintomas. Por exemplo, recentemente abandonei um trabalho e emprego dos sonhos por estar longe de casa e me sentir extremamente sozinho. Namorar nunca foi uma possibilidade nos meus 36 anos.
    Agora estou num aeroporto voltando de mais uma frustrada tentativa de reativar aquilo que eu chamava de vida e tudo o que consigo pensar é em morrer.
    Não entendo que haja solução para tanta insônia, derrota, frustração e cobiça (no sentido de querer o que os outros têm...)
    Tenho um desejo absolutamente mórbido agora que estarei em vôo internacional.
    Se alguém puder conversar comigo, agradecerei profundamente pois entendo apenas uma parte do problema.
    Meu email é paulozorzetto@gmail.com.

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  8. Me senti assim a vida toda! Não consigo me adaptar a nada! Eu sabia que tinha algo de diferente em mim! Que bom saber que existem outras pessoas que expressam esses mesmos sentimentos!

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  9. Desde pequena eu me sentia ¨mais velha¨..lembro dos meus pensamentos quando eu tinha 6, 7 anos..eu ficava
    observando as pessoas e buscando auxílio em algo que tinham me passado como religião. Eu via pontos luminosos que "andavam" nas paredes lentamente. Até hoje não sei o que era..mas não dou importância..sei que o que importa é o caminho, o conjunto da obra. Tenho facilidade para aprender qualquer coisa e nem sempre estou em condições de traduzir minhas opiniões e pensamentos. Sempre fui extremamente sensível e sempre questionei tudo e todos. Tenho um senso de justiça, amor pelo ser humano e sensibilidade extremos. Porém não me encaixo. Percebo as reações, "truques" e fragilidades das pessoas muito facilmente. Por isso sou tímida, imagino que estejam me vendo nua, com meus defeitos todos à mostra. Eu busco e sinto curiosidade apenas pelo que desperta meu interesse. Me sinto diferente e questiono o porquê da minha falta de interesse por muitas coisas. Meus pensamentos por vezes são tão profundos a respeito de assuntos que não me atrevo a comentar porque sinto necessidade de explorar mais, o que me levaria a outros questionamentos e a explicação, não sendo completa, não seria fiel ao que penso ou boa o
    suficiente.Tenho medo que me vejam como doente, estranha, antissocial...Não tenho dificuldade em conversar ou me inserir em grupos(em parte) mas o meu desinteresse acaba vencendo meu ego e meu medo.
    Não consigo acreditar que no final vai ser diferente do que sempre foi ou dar em alguma coisa. Continua...

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  10. Me incomoda ver adultos mais jovens(tenho 43) e até mesmo mais velhos bajulando pessoas, buscando popularidade, se esquivando do que é e dos que são verdadeiros. E que retorno eles tem? Não está em mim fazer algum esforço que não seja no sentido de trazer algum benefício/crescimento real. As pessoas se corrompem, aderem CONSCIENTEMENTE ao "sistema" que é diferente do que elas gostam de criticar e que é mais significativo e importante. Percebi que quem é esperto é menos inteligente. Tenho um senso de humor forte e ironizo muito. Gosto de ciência e pesquisa na área médica e, lógico, na de comportamento humano. Tenho sensibilidade para identificar e prever reações e tranquilidade para enfrentar situações de extrema
    dificuldade. Penso seguidamente em buscar um trabalho voluntário ou filantropia; qualquer que seja. Ajudo
    uma criança africana de Gana e já mirabolei bastante sobre o que mais poderia fazer, principalmente
    observando os desenhos dela ou imaginando a família ou me perguntando porque as coisas são como são.
    Já fiz vários esportes e me dou bem em todos eles. Decoração e moda também são meu forte. Cozinho
    excepcionalmente bem e também gosto de arte e pintura. Eu escrevia peças de teatro quando era mais nova e
    músicas e poesias também. Algumas pessoas já me disseram que eu deveria ser advogada ou detetive
    particular. Conforme fui crescendo as coisas foram mudando e eu fui me perdendo de mim mesma, sem nem
    mesmo ter me encontrado. Hoje eu sei que aquela criança não poderia ser "alguém". As coisas com o tempo foram deixando de ser interessantes. Sei da simbologia "divina", sei de "deus" e do "cristo" interno de cada um. Continua...

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  11. ..da porção divina, da inteligência, da energia e do amor. Não tenho religião mas observo fundamentos do budismo, universalismo e teosofia. Gosto de avançar até onde consigo, gosto de intercalar regras(que são benéficas e fundamentais) e rotina a momentos de desligamento e permissões. Sou flexível e do tipo "não tem tempo ruim". Tenho um cuidado na lida com as pessoas, principalmente quando percebo ou prevejo uma fragilidade ou insegurança. Crítica muito mais comigo do que com os outros, sou competitiva,me cobro e me frustro facilmente. Arrogante porque me sinto excluída, paradoxo por causa das dualidades em mim. Ao mesmo tempo que me entrego às sensações, enxergo as necessidades e sou prática e rápida para solucionar problemas. Me sinto uma estrangeira, sinto necessidade de encontrar "os meus". O interesse por aprovação dos outros é superficial e sei que não posso ser percebida por mais que a maioria, até
    porque, ser percebida por um único é mais interessante e estimulante. Está claro que hoje em dia o que importa é ser "esperto" e que ser bom, puro e justo é visto como negativo e inadequado. As pessoas que se mantém firmes e corajosas são vistas como fracassadas, desajustadas, ingênuas, bobas. Este é o sistema atual, no qual, quanto mais superficial, adaptável, falso e egoísta se é, mais aceito e admirado socialmente.Apesar e talvez por causa disso, sempre enxergo as pessoas como um todo. Um complexo e que parece ser interpretável demais. O princípio é que não são de todo ruins ou boas. Então acabo permitindo que avancem demais quando não deveriam. Já fui a Madre Tereza algumas vezes e me dei muito mal tentando ver o lado bom, testando os limites, brincando de deus. No fundo eu sabia no que iria dar, a(s) pessoa(s) em questão não tinha(am) me conquistado. Sou bonita, sempre fui mas minha auto-estima nunca foi das melhores. Amor próprio, no meu entender, eu tenho. Me mantenho fiel ao que acredito e me comprometo comigo mesma. Não preciso mentir, inventar, me esquivar
    de compromisso com quem quer que seja. Mas hoje sou mais cuidadosa ao me expor, ainda aprendendo a não
    dar pérolas aos porcos. Mas gosto da vida e sigo a cada dia enfrentando a mim mesma, meus pensamentos e
    dúvidas. Aparentemente me tornei uma pessoa "normal". Quem sabe um dia viveremos num mundo onde não
    seja tão penoso ser quem se é. Me sinto só mas quando estou com as pessoas fico pensando o que eu estou
    fazendo lá. Sei que não pertenço e que aquilo, aquela situação é vazia e ilusória.

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  12. É muito boa a sensação de achar alguma resposta para algo que a pessoa vem sentindo a vida toda. Desde sempre eu não sentia "deslocado" de tudo e todos. Era considerado uma criança madura (lógico, embora sempre fosse criança ainda assim), nunca me senti parte da minha família, quando estamos todos me sinto uma visita, antes eu até achava que fosse adotado, mas sei que nao, só nao conseguia me sentir parte, pertencente à família. Desde de criança sofria porque nao conseguia me sentir nem menino e nem menina, sempre achei que fosse um ser assexuado na forma como me via e me sentia. Nunca tive grupos na escola e quando estava com alguns amigos, tampouco me sentia parte dele. Não acho que estou na cidade certo, nem na profissão certa... e Hoje procurando sobre essa sensação de não pertencimento completa achei esse artigo e fiquei IMPRESSIONADO como me descreve 100% e mil coisas me vieram à mente. Muito bom saber que outras pessoas também se sentem assim. Obrigado!

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  13. Queridos, fico feliz que essa publicação sempre traga um alento para quem está triste e em busca de uma resposta para o sentimento de não pertencimento. Talvez nunca saibamos ao certo porque nos sentimos assim de verdade, mas o fato de podemos expressar sentimentos tão parecidos entre nós, já me parece um alento. Desejo que cada um de vocês que por aqui passou esteja melhor . Eu estou (por mais um dia). Um beijo carinhoso à todos e gritem se precisar.

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  14. Tenho 23 anos, tenho familia, emprego, filhos, tudo maravilhoso, mas essa publicação encontrei o que sinto, dos meus 20 anos para cá, sinto todos os dias uma certa vontade de morrer, de não saber o pq de eu estar nesse lugar, as vezes chego até a me perguntar onde estou e quem são as pessoas ao meu lado, eu odeio aglomeração, odeio o convivio, apenas quero ficar só, vendo um bom filme e pensando, como no mundo da lua...
    Muito bom encontrar essa publicação.

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