Destemida?

Eu queria me reinventar.
Não toda eu, mas queria dissolver parte de mim e me juntar de novo em outra forma.
Não falo do corpo, falo da vontade.
Não, na verdade é um passo além. Falo da coragem.
É preciso coragem.
Mas me falta. Quase não me reconheço nessa frase.
Sem coragem, nem sou eu.
Mas tenho baixado a cabeça, encolhido os ombros e humildemente reconhecido que me falta aquele fogo indispensável às grandes mudanças.
Que pena, eu costumava ser bem destemida.
Onde foi que isso abrandou, alguém viu?
Em outros tempos (tempos só meus), eu diria, avante! e seguiria saltitante quase rindo dos medrosos.
Hoje, porém, paro no abismo e me encolho diante do desconhecido.
Como me diminuí assim? Em que curva recuei, eu, senhora das ousadias?
Tem um lado esquisito que venho cultivando ultimamente que tudo pesa, pondera, mede....
E quanto mais adio e rodopio em torno das ideias já quase velhas, mais me dou conta do tamanho do desperdício...
Que coisa, isso, não?
Mas nem tudo está perdido....
Quem sabe amanhã vejo tudo diferente e já me sinto reinventada.
É bem capaz.