sábado, 6 de dezembro de 2008

01.05.08 - Hoje também é meu dia....


Feriadão de 1º de maio, Dia do Trabalhador....hoje também, é o primeiro dos quatro dias de folga que tenho pela frente. Eu mereço gente....sou uma operária padrão e por isso, de vez em quando posso ficar de pernas pro ar...é bem verdade que depois que entrei para a iniciativa pública, estes momentos têm sido mais frequentes. No entanto, acho que esse é o pagamento pelos tantos fins de semana, feriados, Páscoas, Natais, 1ºs de ano, Dias dos trabalhadores que já trabalhei, por conta dessa profissão que escolhi.


Para quem está na comunicação não existe folga. Há tele-jornal todos os dias e existem fatos acontecendo a todo momento. Mas como hoje é o nosso dia, vou narrar minha vida de trabalhadora.... A primeira oportunidade profissional acontecei ainda em Marilena. Na época, era febre na cidade a abertura de Indústrias de farinha de mandioca. A precursora foi a Marilena Agroindustrial. Administrada pelo Moacir Faganello, pai de uma grande amiga da época, a Waney, fui convidada para secretariá-lo.


Nem hesitei, afinal arrumar emprego na minha cidade era artigo de luxo. Como a farinheira ficava no interior (localidade de Água da Marilena), chegar lá já era uma aventura. Às vezes ia de bicicleta, outras tantas de carona com meu chefe, que ao meio dia passava na minha casa para pegar minha marmita, preparada pela Pati, minha irmã. Era uma delícia! Na hora de vir embora, em muitas ocasiões pegava carona de charrete com o Ildo Vieira (que está com Deus). Adorava vir pela estrada de terra batendo papo e sacolejando com o andar do cavalo. (Que saudade).


Entre a tarefa de receber as notas,atender os caminhoneiros, fazer a contabilidade da empresa( que era um horror, dava um furo atrás do outros, afinal nunca fui boa de contas..heheh), havia muita diversão. Dois grandes amigos trabalhavam comigo: Vinão (figura impágavel , quem conhece sabe o que estou dizendo e o Jean, filho do chefe). Nos intervalos, os dois me ensinavam dirigir uma variant vermelha, cujo câmbio soltava (esse possante nos fins de semana nos levava para as baladas em Diamante do Norte) e um Tatá que era usado pra carregar lenha.... só por Deus,....heheheh


Por alí fiquei pouco mais de um ano.....segui para Curitiba, a convite da Sandra minha irmã, em busca de novas oportunidades profissionais. Na bagagem, muito medo da cidade grande e vergonha, afinal eu era um bicho do mato. Na época, a Sandra trabalhava em um escritório de assessoria política para prefeitos do interior. Eu iria substituí-la e teria que fazer ofícios e outros encaminhamentos.... Tinha que fazer tudo no computador....mas quem disse que eu manjava de computador??? era uma odisséia, cada documento salvo e depois ter que reencontrá-lo.... não deu certo....


Respirei fundo e fui procurar outra coisa....(não fiquei desempregada nem um dia).... bati em uma loja de venda de tecidos (pensei que seria fácil ser vendedora de qualquer coisa), mas antes de receber a resposta de lá já estava trabalhando de secretária de uma imobiliária ( A Casa “A"Empreendimentos Imobiliários). O João Garbers, um curitibano muito gente boa, era um chefe muito massa. Sonhador como todo pisciano, quando vendia um imóvel pagava dois, três salários adiantados, nos dava presentes, trazia chocolates e tal....em tempos de vacas magras, ficávamos sem receber por meses...uma pobreza só....eu e as outras gurias que lá trabalhavam, assim como os corretores, botávamos altas pressões no João....coitado...heheheh


Houve uma época que para incrementar a renda, disse pra ele que ia achar outra coisa no período da tarde. Ele manteve meu salário (quando pagava) e eu fui em busca de outro trabalho. Iniciei no Shopping Muller ( o único de Curitiba na época- acho que era 1996).A filha de uma namorada do tio Nelson que lá trabalhava me deu uma mãozinha. Trabalhava na World Dreams, uma loja de produtos importados (quando não tinha essa invasão de coisas chinesas e paraguaias). Era chique, desde eletrodomésticos, vinhos, alimentos e perfumes. Mas a nêga aqui, começou no guarda – volumes. Putz, ...das duas da tarde às 10 da noite guardava muita sacola...


Semanas depois estava de vendedora no setor de utilidades domésticas...adorava, tinha muita coisa diferente, novidades....mas nunca fui uma boa vendedora..heheh contava os defeitos dos produtos.... por fim, segui para o setor de perfumaria, a ala mais chique da World Dreams.....era um luxo...vivia cheirosa, mas nunca comprei um perfume daqueles...eram caros demais para meus proventos....heheh Eis que no fim de 1996, tive uma desilusão amorosa e pedi a conta tanto na imobiliária, como no shopping....mirei o rumo pra Santa Catarina...


A Selma e o Valnei moravam em Joaçaba e a proposta era passar uns dias por ali, descansar a cabeça... resultado: 20 dias depois já estava trabalhando na TV Catarinense. Era janeiro de 1997..... Fui contratada como telefonista... Dividia a sala com a Emelise, secretária do chefe....foram 10 anos de muitas alegrias naquela empresa. Ainda telefonista, passei a ajudar o jornalismo ao meio dia. Minha tarefa era rodar o TP (Tele Prompter), ou seja, rodar o que o apresentador do jornal tinha que ler.


Diferente da atualidade, na época, imprimíamos as laudas e quando a nota era muito grande íamos emendando com durex. Essa “tripa”de papel era colocada em uma esteira, onde era filmada e retransmitida para uma tv, onde o cara lia e apresentava o tele-jornal. Nessa época comecei a me interessar pelo jornalismo. O Edy Serpa, coordenador da área, percebendo meu interesse, logo me convidou para ajudar na edição....saí do telefone e fui ser editora de texto, depois de imagem.....substitui e o editor chefe e quase ficava louca para fechar o jornal....foi uma escola.....tínhamos mais de uma hora de jornal local e tínhamos que achar matéria de qualquer jeito. Duas equipes de jornalistas em Joaçaba, uma em Chapecó e uma Erechim, davam o suporte....


Com insistência do Edy, passei a gravar a previsão do tempo...achava minha voz ridícula...mas a vontade de crescer era maior que a vergonha....daí a sair para as ruas e me tornar repórter e apresentadora foi um pulo.... Formei-me em Publicidade e Propaganda, querendo estar mais antenada na área da comunicação.... todos os dias eram diferentes....vivi muitas histórias e contei todas elas nos tele-jornais da TV Catarinense.... até que dez anos mais tarde, o dono da empresa resolveu vendê-la para a maior concorrente.... fomos todos mandados embora....chorei...por estar desempregada, por tudo que tinha vivido ali, por deixar para trás a família de amigos que ali tinha construído....


Quando tudo parecia perdido, uma nova oportunidade surgiu....menos de um mês depois mudava de Joaçaba para Videira...a tarefa era fazer assessoria de comunicação para o Governo do Estado, na SDR Videira, formada por sete municípios.... fui convidada pelo Ruschel, um chefe engraçadíssimo, que morreu cinco meses mais tarde em um acidente de carro..... pela SDR, desde que cheguei há quase 3 anos, passaram outros 3 chefes....


Aqui tenho vivido outras experiências com o contato com a maior autoridade do estado... me engajei ideologicamente, já escrevi para um jornal, fiz correção, faço assessoria de imprensa para a CDL, trabalhei como assessora parlamentar na Câmara de Vereadores, tenho uma coluna em um jornal e voltei aos bancos universitários para fazer jornalismo.... Fala verdade: mereço ou não mereço quatro dias de folga?

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