sábado, 6 de dezembro de 2008

04.04.08 - A frasqueira de couro vermelho...


SÍMBOLO
1.Aquilo que, por um princípio de analogia, representa ou substitui outra coisa;
2.Aquilo que, por sua forma ou sua natureza, evoca, representa ou substitui, num determinado contexto, algo abstrato ou ausente;
3.Aquilo que tem valor evocativo, mágico ou místico;


Essas foram algumas das definições que encontrei no Aurélio, para designar o que é um símbolo. É extamente embrenhado em todos esses significados que está o meu sentimento em relação a encomenda que recebí de minha mãe, lá em Curitiba.


Já narrei aqui, que dia desses acordei emotiva e agarrei-me a uma toalha de banho que foi de minha avó e chorei ao lembrar dela. Aquele pedaço de tecido felpudo, ganhei da tia Dione ao vir embora, depois do enterro da vó. Lá tinha o cheirinho dela e com certeza serviria para reavivar minha lembrança, cada vez que a saudade apertasse. E tem sido assim nesses quase três meses sem a dona Oliria.


Recordo-me que naquele dia, a tia Dione também me perguntou se havia alguma coisa da vó que eu quisesse para guardar de lembrança. Prontamente eu respondi que a toalha bastava, mas segundos depois minha cabeça já havia feito uma viagem no tempo e pude dizer que tinha interesse em um objeto que havia pertencido a minha amada avó.


Era uma frasqueira de couro vermelha que ela costuma guardar em cima do guarda-roupas. A peça, certamente tem mais de 30 anos, isso se não beirar os 40. Além de bonita é um símbolo da minha infância e do período que morei sob as asas da vó Olíria e do vô Massotão.

A bela frasqueira fazia conjunto com mais 3 malas, que ainda em dezembro quando cuidava da vó, perguntei à ela por onde andavam. - Foram sumindo.... acho que o tio Nelson e o tio Nízio, com as constantes mudanças foram levando e foram estragando. - respondeu-me ela.


Aquele jogo de malas e aquela frasqueira, faziam minha cabeça de criança ficar povoada de idéias. Imaginava por onde elas já tinham andado, isso porque meus avós viajavam diversas vezes no ano. Sonhava que um dia, iria viajar também. Achava chique e elegante o conjunto de couro vermelho. De vez em quando, sentávamos em volta da mesa para olhar as fotos das viagens dos meus avós... os registros eram do Rio de Janiero, do litoral, entre tantos outros cantos.... era um mundo mágico para mim...


E não é que tive a oportunidade de seguir viagem com a frasqueira e com as malas vermelhas? De cabelo cortado e cheia de roupas novas, tudo determinado pelo vô Massotão que me chamava de "negrinha" conheci Curitiba e ví o mar pela primeira vez. Meus sonhos tinham se tornado reais. Meu avô sabia curtir a vida e o dinheiro que tinha. Era carinhoso e amoroso demais. Me defendia e me queria sempre ao lado dele, nem que fosse para ajudá-lo a erguer a perna doída com reumatismo ou passar uma pomada para amenizar a dor. Adorava radiche com bacon, temperado com vinagre de vinho e bife na chapa, feito na hora. De manhã, polenta brustolada e queijo derretido. Hummmmmmmmm....ainda me lembro do cheiro invadindo a cozinha.
Ás vezes a vó exigia que eu fosse chamá-lo no bar do Argemiro para almoçar. Ele ficava bravo e dizia que logo chegaria....


Quanta saudade.....quanta lembrança boa....
Tudo isso revivi, quando recebí a frasqueira que foi da minha avó... como prometido pela tia Dione, minha mãe trouxe até Curitiba para mim... e acreditem....escondidinha num bolso tinha uma série de fotos 3x4 do meu avô .... foi um presente duplo....

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